A terceira e última parada na nossa viagem foi na Fazenda Midori, onde os chás da marca japonesa Yamamotoyama são fabricados. Saímos de Registro e seguimos para a cidade de São Miguel Arcanjo, ainda no interior de São Paulo, para conhecer o trabalho feito no Brasil para esta tradicional marca da terra do sol nascente.
Vastos campos do chazal da Yamamotoyama no interior de São Paulo. Foto: Cláudio Brisighello
A marca Yamamotoyama foi fundada no Japão em 1690, e chegou ao Brasil em 1970 quando Kuniichiro Yamamoto, presidente da 9a. geração familiar da empresa, procurou novos lugares para o plantio do chá e encontrou certas regiões no Brasil com condições perfeitas para a reprodução do seu produto - eles possuem fazendas no interior de São Paulo e Paraná, ambas com determinada proximidade litorânea e altitude girando em 700m a nível do mar, imitando as condições encontradas no Japão, proporcionando um terroir perfeito para o perfil de chá que escolheram e conheceremos a seguir.
A minha visita à Fazenda Midori começou em seu amplo chazal onde o cultivar da planta do chá trabalhado é de origem japonesa, a Camellia sinensis var. sinensis cv. Yabukita. A Yabukita é uma planta do chá baseada na variedade chinesa com melhorias genéticas realizadas pelos japoneses, proporcionando grande produção de folhas uniformes, e sabor umami característico do chá verde japonês.
Chazal com o cultivar Yabukita: brotos similares e abundantes. Foto: Cláudio Brisighello
No dia de minha visita, presenciei o processamento do chá verde da empresa e logo após a colheita das folhas - feita por tratores com adaptadores para a colheita e também por outras máquinas menores -, elas seguiram para a fábrica onde um maquinário japonês nos aguardava. Estas máquinas são bem modernas comparadas ao que encontramos em território nacional - são japonesas e pouca mão de obra humana é utilizada no processamento.
As folhas da planta do chá nas camas antes de entrarem no maquinário. Foto: Cláudio Brisighello
O Sr. Kazuo, gerente da fábrica, gentilmente nos acompanhou através de cada passo em que o chá é submetido. Como já comentamos anteriormente, no caso do chá verde, as folhas não podem esperar muito tempo pois a oxidação das mesmas é indesejada então o processo de vaporização já é aplicado em seu início.
Sr. Kazuo mostra as folhas muito quentes saindo da máquina após a vaporização. Foto: Cláudio Brisighello
As folhas seguem então para a sequência de processos que incluem corte, mesa de rolagem e secagens distintas. Tudo passando por uma linha de fabricação contínua, sem interferência humana.
Mesa de rolagem para a quebra dos sucos das folhas de forma homogênea. Foto: Cláudio Brisighello
Uma das máquinas me chamou a atenção, tem uma função muito interessante, podemos vê-la na foto abaixo. Ela faz uma secagem ao mesmo tempo em as folhas são esticadas através de rolos que as compressam em uma mesa curva. Este passo dá ao chá o formato de "agulha" e ajuda a liberar seus aromas além da umidade das folhas baixar para a média de 13% antes de ir para a secagem final.
A máquina citada acima (em vermelho) e o chá esticado após sua passagem por ela. Foto: Cláudio Brisighello
O próximo passo é a retirada de impurezas, o beneficiamento e separação para a embalagem do chá.
Os chazais da Yamamotoyama no interior de São Paulo são muito amplos, e se somados aos do Paraná totalizam 200 hectares que são transformados em uma média de 600 toneladas de chá por temporada. A sua produção para o nosso país é gigantesca e podemos ver na foto abaixo o grande volume do chá pronto em seu beneficiamento - aqui também acontece a separação para o que será exportado e o que será voltado ao mercado nacional (20% do que produzem).
Galpão de beneficiamento do chá. Foto: Cláudio Brisighello
O estilo de chá que a empresa produz, que agrada o paladar japonês, também é muito amigável para o paladar brasileiro: seu chá verde (carro-chefe) traz o umami de forma presente, com notas aromáticas delicadas e pouco amargor. Além do chá verde Bancha, Sencha e Shin-chá, eles possuem o Chá Branco (Bai Cha) e o Guenmaicha. São chás com alta qualidade, controladas pela matriz, que atendem os padrões do mercado internacional.
Para maiores informações a respeito dos chás Yamamotoyama, visite:
http://www.yamamotoyama.com.br/
Para maiores informações a respeito dos chás Yamamotoyama, visite:
http://www.yamamotoyama.com.br/
Chás fabricados na empresa da Yamamotoyama Brasil
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E com esta visita concluímos nossa viagem conhecendo as principais Fazendas de Chá no Brasil. Foi um grande aprendizado cercado de pessoas muito amáveis e acima de tudo, super comprometidas com o seu trabalho.
Cada visita em cada Fazenda foi super especial pois mostram diferentes estilos de chá, cobrindo uma variedade de gostos no mercado: os Amaya com a tradição ininterrupta da produção do chá com raízes brasileiras, os Shimada e a busca pelo artesanal e a Yamamotoyama e sua tecnologia de qualidade.
Tentei aqui retratar as histórias por detrás de cada marca para que possamos conhecer um pouco mais, aprender um pouco mais, e acima de tudo, valorizar ainda mais o que possuímos. E assim espero poder escrever mais adiante, sobre nossos chás brasileiros, pois o mercado está aumentando e eu fico feliz de fazer parte de uma cultura tão bonita quanto a do chá.
No meio de uma das coisas que mais gosto...
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